A clarineta pela sua versatilidade e riqueza timbrística, tornou-se um instrumento muito utilizado na música dos séculos XX e XXI. Na contemporaneidade, percebe-se a importância do clarinetista ser flexível e ter condições de ir além do repertório tradicional europeu do instrumento, dominando outras sonoridades como multifônicos, glissandos, frulato, slaptongue, overdrives, etc. Todavia, é notória a ausência do uso dessas sonoridades expandidas na maioria dos programas de ensino da clarineta no Brasil, desde os desenvolvidos em projetos ou conservatórios, até mesmo nos ambientes acadêmicos. Este trabalho trata da utilização e dos benefícios do estudo das técnicas estendidas na assimilação do repertório tradicional, brasileiro e contemporâneo da clarineta. Primeiramente, será exposto o conceito de técnicas estendidas, como a tradição no ensino musical influencia na não proficiência e/ou na não realização do estudo das técnicas estendidas durante o processo de aprendizado e como isso pode impactar a execução do repertório atual. Contrapondo a tal percepção, também serão apresentadas as possibilidades e consequentes benefícios do estudo de técnicas estendidas para o domínio do instrumento musical em diferentes aspectos. Com base no referencial teórico das pesquisas de Santana (2017) e Queiroz (2020) na segunda parte será realizado uma breve reflexão acerca de como o ensino musical brasileiro tem influência, ainda nos dias atuais, do padrão europeu de ensino e performance musical, e como isso tem impactado toda uma geração de instrumentistas.