ABEM, XXV Congresso Nacional da Associação Brasileira de Educação Musical

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As “artes musicais” candomblecistas diante do cânone da música de concerto
Ferran Tamarit Rebollo

Última alteração: 2021-10-18

Resumo


Diversos pensadores do “Sul global” (SANTOS, 2019) apontaram a dimensão genocida do paradigma normativo hegemônico do pensamento moderno. Sob sua lógica, sabedorias e presenças que não se encaixam nos seus regimes de verdade são eliminadas ou excluídas. Assim, na dimensão epistemológica, esta negação sistemática da diversidade de experiências que configuram nossas sociedades faz com que aquilo que está na esfera das sensações ou que atravessa outras potencialidades do ser para além da racionalidade restrita do paradigma branco-ocidental seja desprezado, silenciado, infantilizado, particularizado ou apagado. Já no campo das instituições de ensino musical brasileiras, este mesmo paradigma ressoa na reprodução muitas vezes acrítica da episteme da música de concerto nortecêntrica como único modelo válido para o ensino/aprendizagem da “música” – e na consequente ausência nesses espaços de outras matrizes de pensamento musical. Diante disso, apresento alguns apontamentos visando poder contribuir na “desmonumentalização” (SANTOS, 2018, p. 308) desse cânone a partir das contribuições do que chamo de “saberes musicais ancestralizados” do candomblé ketu. Para isso, parto neste trabalho do conceito enunciado por Meki E. Nzewi de “artes musicais” (NZEWI, 2009; 2019; 2020) – que ao meu ver se encontra implícito, como “fundamento”, no complexo de saberes que organiza o candomblé – para discutir e disputar o modo atual de organização dos distintos saberes e técnicas que integram o fazer musical nas faculdades e escolas de música a partir de disciplinas que compartimentalizam e separam dimensões intrínsecas a esse fazer musical desde a perspectiva das sabenças religiosas afrolatinoamericanas.


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