Última alteração: 2021-10-11
Resumo
O presente artigo de caráter bibliográfico objetiva discorrer sobre as possibilidades de implementação do ritmo agueré ao piano. Objetivos específicos são: 1) apresentar uma contextualização histórica e os elementos básicos da rítmica de origem africana na música brasileira; 2) sugerir possibilidades de incorporação do ritmo agueré na textura pianística através de uma obra autoral. Deste modo, pretende-se responder à questão-problema: como aplicar as características básicas do ritmo afro-brasileiro ao piano? Este tema justifica-se por refletir a vivência do autor como pianista, compositor e educador musical atuando na área acadêmica (Universidade Federal da Bahia) e em diversos projetos criativos. Diante desta prática, acredita-se que os elementos oriundos da cultura afro-brasileira devem estar mais empregados no repertório pianístico e no ensino de música. Quanto à fundamentação teórica, o trabalho foi apoiado em Bloes (2006), Passos (2016), Rosa (2012), Bessa (2005), Andrade (1934), Gomes e Barros (2013), Tinhorão (1991; 1998), Sandroni (2001) Pinto (2001), Scott (2019), entre outros. Como estratégias norteadoras de incorporação do ritmo agueré à textura pianística na obra autoral “Pangeia”, foram adotados os seguintes procedimentos: implementação e manutenção de padrões rítmicos de agueré (pulsação elementar e clave) ao longo do discurso musical em forma de ostinato; redução e estilização dos toques dos instrumentos percussivos utilizados nos ritos do candomblé na textura pianística conforme o princípio de complementaridade; utilização da síntese de elementos provenientes de culturas europeia, norte-americana e afro-brasileira, como componentes complementares contrastantes para realçar as características próprias de cada estilo na construção de um produto musical inédito.
Palavras-chave: Ritmos afro-brasileiros; Textura pianística; Música brasileira.