Este trabalho tem como objetivo refletir sobre os processos composicionais da obra Trinos, para coro misto e piano, a partir da experiência do autor como corista, regente e compositor. A discussão, embasada em autores como Agawu (1992), Langer (1953) e Chew (2001), tem como meta relatar como os aspectos textuais nortearam a construção da estrutura musical e da linguagem harmônica da peça, e como essa relação tornou possível a utilização de processos harmônicos estendidos, tais como acordes de cinco ou seis notas e modulações diretas para a região da mediante. A escolha do conjunto para a obra esteve relacionada ao apreço do compositor pela prática coral, tomando por base duas razões: a primeira, o próprio ato de escrever uma peça de longa duração; a segunda, o desafio de compor usando um texto de autoria própria. Os resultados apontam que os aspectos sintáticos e semânticos da estrutura poético-musical ocupam lugar de destaque no processo composicional.