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Música, gênero, raça e classe: uma análise do disco “Quarto de despejo”, de Carolina Maria de Jesus
Última alteração: 2021-10-10
Resumo
Este é um ensaio sobre gênero, raça, classe e música através da análise das letras do disco Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, gravado em 1961. Aqui, buscou-se interpretar, compreender e explicitar como a musicalidade e a corporalidade da referida cantora, escritora e compositora, trazem contribuições pujantes que se desdobram ainda agora, quando este disco comemora 60 anos. São aportes teóricos desta reflexão: Avtar Brah (2006), Judith Butler (2018), Helena Lopes da Silva (2019) e Jorge Luiz Schroeder (2006 e 2010). O principal resultado desta comunicação instaurou-se na evidenciação da arte musical como uma ferramenta de crítica social, liberdade expressiva, incluindo humor e ironia, assim como, potencialidade de enunciação de uma personalidade feminina, periférica e negra, diante de um fazer que, ao mesmo tempo, hiperbolizou esteticamente a condição de invisibilidade e marginalidade de uma parte substancial da população brasileira, sobretudo da periferia do Rio de Janeiro e de São Paulo, e trouxe à baila tensões entre música, reflexo e refração da realidade. Mas compreender esta obra, nestes moldes, demanda um olhar educacional que possibilite circunscrevê-la como um objeto artístico potencializador das demandas urgentes de um fazer musical que se instaura tanto na liberdade artística quanto em certa criticidade advindas das categorias aqui elencadas.
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