Última alteração: 2023-11-16
Resumo
Os livros didáticos foram, por séculos, ignorados pelos historiadores. Reconhecidos como fonte histórica somente em meados dos anos 1960, continuam subvalorizados e são, comumente, alvo de críticas pelos educadores. Objetos complexos e carregados de historicidade (CHOPIN, 2002), carecem de investigações no campo da educação musical. Seus conteúdos são selecionados, segundo uma variada gama de influências e numa teia de relações complexas, que incluem políticas públicas, lutas curriculares, noções de cultura, cultura escolar, concepções do que é arte e de qual “arte” é adequada aos propósitos da educação, entre outros. Esta comunicação é parte de uma investigação doutoral sobre a história recente da educação musical (2010-2020), que tem como uma das principais fontes de pesquisa os livros didáticos de Arte. Investiga os quatro volumes de uma coleção aprovada pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) de 2020 e destinada aos anos finais do ensino fundamental, tendo como principal objetivo levantar a presença de propostas e conteúdos de música e a distribuição dos mesmos entre as quatro linguagens artísticas. Ao se lançar um primeiro olhar sobre a coleção, nota-se que, ao contrário dos livros escolares do início dos anos 2000, a música se faz presente. Por outro lado, observa-se que a coleção reproduz a dominância das artes visuais em seus conteúdos, metodologia de ensino e quantidade de projetos destinados a essa linguagem artística.