Este estudo tem como objetivo analisar experiências heteronormativas e práticas homofóbicas vividas por professores gays de canto, com o propósito de promover uma reflexão crítica sobre a relação entre gênero, sexualidade e educação musical. A intenção é contribuir para a construção de práticas pedagógicas mais inclusivas, respeitosas e sensíveis às necessidades dos estudantes de canto, independentemente de sua orientação sexual. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, que teve como procedimento de coleta de dados a entrevista com 3 professores gays de canto. O trabalho tem como fundamentação teórica a música como prática social (SOUZA, 2004); os estudos de gênero, sexualidade e educação (LOURO, 1997); educação musical, gênero e sexualidade (OLIVEIRA, 2022), bem como a voz como uma construção binária de gênero (CALDEIRA, 2021). Os resultados destacaram a importância de se considerar as questões de gênero e sexualidade na pedagogia vocal, buscando uma abordagem inclusiva e sensível às diversas identidades. Ficou evidente também que os padrões vocais masculinos normalizados a partir das práticas culturais e pedagógicas têm contribuído para a marginalização de vozes e expressões que não se enquadram nesses padrões. A partir da discussão dos resultados, a pesquisa ressaltou a necessidade de se ir além da compreensão anatômica da voz, considerando também as questões sociais envolvidas na produção vocal. Acredita-se que as discussões sobre a temática educação musical, canto, gênero e sexualidade podem ser importantes para uma reflexão mais profunda sobre a construção social da voz e a importância de se abordar essas questões na prática pedagógico vocal.