O trabalho apresenta aportes metodológicos da Sociologia para a pesquisa qualitativa em Educação Musical e discute a entrevista como ferramenta de construção de dados. A comunicação relaciona-se com a minha pesquisa de doutorado em Música, com área de concentração em Educação Musical, em andamento. A pesquisa tem como temática os efeitos que a participação em projetos músico-pedagógicos exclusivos para pessoas do gênero feminino, provoca nas mulheres que os organizam. Para a fundamentação metodológica, apoio-me nos aportes da Sociologia para a pesquisa qualitativa. Como ferramenta de construção de dados, a entrevista foi escolhida por possibilitar o acesso e a interação com outras realidades, a partir dos sujeitos que as vivem (POUPART, 2014), e foi desenvolvida a partir das contribuições de sociólogas que se dedicaram tanto a diferenciar a entrevista com mulheres (OAKLEY, 1981, 2015) quanto a compreender as complexas dinâmicas de poder que se estabelecem nessa situação (LIMERICK; BURGESS-LIMERICK; GRACE, 1996). Após desenvolver a perspectiva metodológica, articulada com cenas do campo, defendo, apoiada em Souza (1996), que o diálogo entre a Educação Musical e a Sociologia pode contribuir para um aprofundamento de questões contemporâneas relevantes e sensíveis, que atravessam e interferem nos processos de transmissão e apropriação musical.