ABEM, XII Encontro Regional Sudeste da ABEM

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Escuta decolonial: pluralidade étnica na educação musical
Barbara Viggiano Rocha da Silva

Última alteração: 2020-10-19

Resumo


Mais de uma década após a publicação de leis que garantem a presença da música e tratam da educação das relações étnico-raciais nas escolas, as mudanças esperadas não parecem ter afetado o ensino brasileiro de forma significante por motivos que vão desde a maneira como se dá a formação inicial dos licenciados em música até as condições atuais das escolas regulares de se adaptarem às demandas de tais leis. Através de uma breve revisão bibliográfica cobrindo diversos aspectos ligados à educação musical no nível básico e superior, conclui-se que, em geral, a educação musical prioriza o estudo de parâmetros e habilidades sob o domínio do pensamento colonial eurocêntrico presente em diversos âmbitos da estrutura educacional brasileira. No bojo da política de ações afirmativas, que buscam reparar os danos históricos a grupos indígenas e afro-brasileiros, tem-se buscado incluir nos quadros docentes das universidades e das escolas regulares os mestres das ciências tradicionais. Suas epistemes não podem ser traduzidas pelas lentes da epistemologia ocidental e por isso tonam imprescindível a presença destes detentores de um saber eminentemente oral dentro das instituições de ensino trazendo, com suas percepções próprias de trabalhos acústicos, novas abordagens do fazer musical. Cabe ao licenciado em música trilhar um caminho de autonomia, pesquisa e colaboração com povos tradicionais a fim de ampliar sua capacidade auditiva, assim como o espectro sonoro que poderá oferecer aos seus alunos na construção de processos educativos inclusivos, pluriepistêmicos e representativos da diversidade cultural característica do Brasil.

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